segunda-feira, 30 de junho de 2008

Coleção primeiros passos: o que é ESCOLA?



Escola é uma construção em formato de caixote, onde seres humanos de diversas idades são agrupados em subdivisões, também cúbicas do caixote, chamadas salas de aula. Nestes locais, os seres humanos em questão são alocados de acordo com suas idades, classe social e capacidade de memorização de coisas completamente inúteis.
Desta forma, se você é um ser humano fodido, pobre, filho de assalariados de baixa renda ou mesmo um assalariado, você será direcionado a uma escola pública. Se você é um filho de assalariados daquele lixo social ao qual chamamos de classe média, você será alocado numa escola particular. E se você é um filho de ricos, irá para uma escola fora do país. Como eu sou do lixo urbano chamado de classe média e, professora de pobres, vou me deter a estes dois assuntos.
Dependendo da idade, um ser humano será alocado, inicialmente, na primeira série. Se, com o passar do tempo, conseguir memorizar parte das coisas inúteis que um ser maléfico chamado de professor considerar satisfatório, passará para a série seguinte – isto nas escolas particulares. Nas escolas públicas, mesmo que não memorize nada do que aquele energúmeno considera satisfatório, ao final do ano, será automaticamente “passado” para uma série seguinte – pois os energ... digo, os professores não agüentam olhar para a sua cara por dois anos consecutivos.
Vale lembrar que os seres humanos agrupados no caixote são chamados de alunos. Obviamente, você já ouviu falar que esta palavra, em sua origem significava “sem luz”. O que nos leva a crer que todo aluno é um cretino fundamental, que poderá ser iluminado se, e somente se, decorar aquela enorme quantidade de bobagens sobre eles despejada em seus anos na escola. Isto é o que se chama, amplamente, de educação.
E o motivo alegado para reunir crianças e jovens no caixote é a tal educação. Analisando-a mais profundamente, trata-se de uma lavagem cerebral muito bem mascarada, na qual, ao mesmo tempo em que se desvia a atenção dos seres humanos alocados no caixote para coisas completamente inúteis, posteriormente cobradas em exames idiotas (exames de cretinice fundamental), ensina-se, nas entrelinhas, muita coisa...
Nas escolas, ensina-se que o modo correto de se viver consiste em acordar às 6 da manhã, mesmo que você morra de sono o dia todo. Ensina-se que o correto é sentar-se num cubo com janelas altas, para ouvir um professor terrorista despejando idéias assustadoras em cima de você, quando você queria mesmo era olhar pra fora da janela.
Mas, não se frustre! Um dia, quando decorar todas aquelas babaquices, você poderá se tornar um professor (um cretino fundamental com um certificado de cretinice) e descontar em seus alunos toda a sua raiva, exercendo o papel de seu ex-professor de maneira muito, mas muito pior! Digo, mais enfática.
De longe, ficar quieto é a coisa mais ensinada na escola. E o ensino desta prática é tão eficiente que acabamos nos calando para o resto da vida, diante de quaisquer situações. Ou seja, na escola, você aprende que o jeito certo de aprender é o seu silêncio.
Aprende também que meninas não devem sentar com as pernas abertas. Mas, que meninos, não só devem como têm que sentar com as pernas abertas. Pois se não sentarem, são gays. E isso é muito ruim. Ninguém explica porque é muito ruim, mas “é sabido”. E, se a cretinice for bem aplicada, ninguém nunca vai querer saber o porquê.
Questionar coisas é uma das práticas a serem “desaprendidas”. Afinal, ela faz muito mal a você, desviando sua atenção de coisas realmente importantes, como ser pontual (porque disseram que você deve ser pontual), escrever dissertações sobre a guerra fria (mesmo que você não tenha nenhuma idéia do que seja a guerra fria), relacionar a reprodução das briófitas existentes na escola (conhecimentos completamente importantes para sua vida!), entre outras atividades escolares singelas com as quais você venha a se deparar e que não te interessam de maneira alguma.
Se você não consegue memorizar muitas bobagens em pouco tempo, você é burro. E isso nada tem a ver com a sua história. É culpa sua mesmo, por não estudar o suficiente, ou seja, não reler aquele monte de bobagens em livros didáticos chatos, como se não bastasse ouvi-las de um professor durante todo o ano.
Na escola, aprendemos a projetar em outros seres humanos ali presentes o inimigo: afinal, são tantas diferenças... que tem que haver um melhor! E este melhor pode ser você! Portanto... nada de solidariedade, socialização, ou afins. Você está ali para ganhar ou perder! Apesar de nunca ninguém ter esclarecido o quê, ou por que ganhar ou perder...
O mais confuso é que, ao mesmo tempo, você é igual a todo mundo, uniformizado numa massaroca de alunos cuja função comum simplificada é obedecer.
Algumas diferenças surgem nas ordens dadas a cada aluno: desta maneira, quando um professor diz a um aluno que este é um idiota, ele provavelmente obedecerá esta ordem e será um idiota. Se um professor diz a um aluno que saia da sala, ele obedecerá a esta ordem e continuará saindo da sala indeterminadamente. Se um professor diz a um aluno que ele escreve brilhantemente, ele provavelmente obedecerá esta ordem e se tornará um escritor. Mas, normalmente, o que se aprende na escola, durante o tempo todo em que estamos lá, é a como ser um cretino fundamental perfeito.
Na escola, também aprendemos que nossos corpos devem permanecer sentados, voltados para frente, não nos distraindo com nossos colegas, estes outros seres humanos que são colocados no caixote conosco. Para esta vontade insana que temos de nos relacionar com estes outros alunos, foram-nos reservados os dez (DEZ!) minutos de intervalo entre as três primeiras e três últimas aulas. Ou seja: temos praticamente todo o tempo do mundo para aprendermos a lidar com outras pessoas que estão numa posição semelhante à nossa... por isso mesmo, fazemos isso tão bem durante a vida toda!



Mari Brasil

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Trabalho em dois turnos!






Conversas entre dois manezinhos da ilha com CTS na cabeça

Teixeira:
Subject: Dúvida
Duas notícias no DC de hoje me chamaram a atenção. Uma incriminando o pessoal que cria, cuida e gosta de passarinho. Coisa horrível trancafiar os pobres bichinhos. Outra notícia enaltecendo uma grande captura de tainhas, que, agonizantes, morrem por sufocamento na areia da praia. Isso é bonito. Umas servem para alegria do estômago. Outros para alegria dos olhos. Um caso é bom, louvável. Outro é ruim, criminoso. Passarinhos em gaiola ficam aos olhos de todos, que os vêem confinados em minúsculos espaços, sofrendo. Tainhas vivem em outro mundo, infinito, inesgotável, longe dos nossos olhos. Ao capturá-las, as salvamos daquela água gelada, das agruras da vida selvagem, e as transformamos em alimento para perpetuar a vida da obra mais importante de deus: nós próprios. Comer passarinho não pode, é pecado, dá cadeia, é crime inafiançável. Comer tainha pode. Capturar e torturar tainha também pode, dá até manchete nos jornais, prêmio e financiamento do governo para aprimorar os meios de capturar mais tainhas ainda. Pensei até em criar tainhas em gaiolas e passsarinhos em aquários, pra poder chamar os tratores da polícia para quebrar as gaiolas e soltar as tainhas e depois pescar passarinhos com alpiste. Mas isso eu não sei se pode. Pode uma coisa dessas?!

Irlan:
Acho que deverias publicar isso num jornal, Teixeira.Mas vamos la, nós aqui não pescamos, matamos peixe.Pássaros nós amamos. Levar passarinho pra passear no fim de semana é um prazer sagrado e motivo de orgulho, incluindo aí a gaiola. Quanto mais bonita e arrumada mais importante o proprietario e, é claro, o passarinho. Freud pode não explicar, mas ali está representada toda a realização daquilo que o feliz proprietario não consegue para si e os seus. Afinal, o passarinho canta de "alegria". E quanto mais canta mais feliz está. É por isso inclusive que se fura os olhos do Assum Preto, para que possa expressar toda a sua felicidade.É um ato de amor do dono da gaiola. Peixe é outra coisa. É um ato de amor a deus que o colocou no mundo para matar a fome e, assim, temos que mata-los, em nome de deus.Deus me livre e guarde.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Ninja Anarquista.

Na reunião passada, discutimos um pouquinho de Bakhtin, para descobrir se ele era 'marxiano' ou venuziano, e acabamos resvalando para questões mais emergenciais importantíssimas como a questão Amazônica, a soberania nacional, a bendita ideologia e suas interpretações e a questão da tolerância com todas a 'minorias' nem tão minorias assim (tudo por causa das várias minorias presentes, inclusive um 'polonês'). Na verdade ficamos chocados com o caso do gaúcho agredido no bairro Ingleses, por usar bombachas...
Depois fomos ao 'Flango e Flitas', onde velamos o soninho da Caidara e discutimos sobre as mulheres e as relações em geral. Caidara acordou, comeu um pedacinho de polenta e foi dormir em casa. Nessa altura, o Edson estava tentando salvar o Lucas de ser transformado num 'Ninja Anarquista' pelo meu poder hipnótico. Não sei mais o que aconteceu depois, nem como cheguei em casa... :-)